Investir ou amortizar? O que fazer com poupanças em tempos de taxas a descer

Com a descida das taxas de juro por parte do Banco Central Europeu, muitas famílias começam a notar uma pequena folga no orçamento. As prestações dos créditos habitação, especialmente os com taxa variável, estão a baixar e, com isso, surge uma dúvida comum: será melhor usar as poupanças para amortizar o crédito ou para investir?

A resposta não é igual para todos. Depende de vários fatores, como os objetivos financeiros, o nível de risco que se está disposto a aceitar, a situação do crédito atual e a estabilidade do rendimento mensal.

Neste artigo, partilhamos algumas ideias simples para ajudar a pensar no assunto.

Quando é que pode compensar amortizar o crédito?

Amortizar significa pagar uma parte do crédito antecipadamente, o que reduz o valor da dívida e, com isso, o total de juros que se paga ao longo do tempo.

Pode ser uma boa ideia quando:

  • O crédito tem uma taxa de juro alta (sobretudo quem contraiu crédito nos últimos dois anos).
  • Ainda está no início do contrato, altura em que os juros representam uma fatia maior da prestação.
  • Quer baixar a prestação mensal e aliviar o orçamento.
  • Tem aversão ao risco e prefere garantir uma poupança certa, em vez de um retorno incerto com investimento.

Atenção: a maioria dos contratos de crédito permite amortizações parciais, mas pode haver uma pequena comissão (por exemplo, 0,5% para créditos com taxa variável).

Amortizar antecipadamente pode representar uma poupança significativa — veja como neste artigo.

E quando pode fazer mais sentido investir?

Se o crédito tem uma taxa de juro relativamente baixa e se já existe algum fundo de emergência (3 a 6 meses de despesas), investir pode ser uma boa alternativa para quem procura rentabilidade no médio ou longo prazo.

Hoje em dia, existem várias opções de investimento com diferentes níveis de risco: depósitos a prazo, fundos, obrigações, ações, ETF, entre outros.

Investir pode fazer sentido se:

  • O crédito tem um juro baixo e está controlado.
  • Há margem no orçamento familiar e um bom controlo das despesas.
  • Está disponível para aceitar alguma flutuação no valor investido em troca de um retorno potencial mais elevado.
  • O objetivo não é a curto prazo — investir requer tempo para compensar as oscilações dos mercados.

Investir as poupanças permite tentar obter uma rentabilidade superior ao valor que se pouparia com a amortização. O potencial de retorno é maior, mas traz riscos, e o sucesso depende do prazo, do perfil de risco e da escolha do produto.

E porque não fazer um pouco dos dois?

Não é preciso escolher apenas uma das opções. Por vezes, o mais sensato é dividir o valor disponível: usar uma parte para amortizar o crédito (por exemplo, reduzir o capital em 5.000€) e outra parte para começar ou reforçar um investimento.

Assim, consegue-se um equilíbrio entre diminuir o endividamento e fazer o dinheiro crescer.

Antes de decidir, deve sempre simular ambos os cenários:

  • Quanto pouparia em juros se amortizasse?
  • Qual a rentabilidade real que espera de um investimento (depois de impostos e inflação)?

Para facilitar a decisão, deixamos este quadro comparativo simples:

Amortizar CréditoInvestir Poupanças
Objetivo principalReduzir a dívida e os juros totais pagosFazer crescer o dinheiro ao longo do tempo
Retorno esperadoIgual à taxa de juro do crédito (ex: 3% a 4%)Variável (pode ser superior, mas com risco associado)
RiscoNenhum (poupança garantida)Existe risco de perda parcial ou flutuação de valor
LiquidezReduz (o dinheiro fica no banco)Mantém (depende do tipo de investimento)
Impacto emocionalAlívio por ter menos dívidaSatisfação por ver o dinheiro a crescer (ou frustração)
Boa opção seQuer reduzir prestação ou dormir mais descansadoTem fundo de emergência e procura rentabilidade

Conclusão: o que deve considerar antes de decidir

Antes de tomar qualquer decisão, pergunte-se:

  • Tem um fundo de emergência? Se não, essa deve ser a prioridade.
  • Consegue suportar a prestação atual? Se sim, talvez investir seja uma opção viável.
  • Qual o seu perfil: prefere a segurança de amortizar ou está confortável com o risco de investir?
  • A sua situação profissional ou familiar pode mudar em breve?

Em momentos de incerteza, a melhor decisão é sempre aquela que o deixa mais tranquilo.

Seja qual for a decisão, o mais importante é que esteja adaptada à realidade de cada um. Para algumas pessoas, a prioridade pode ser baixar a prestação e dormir mais descansadas. Para outras, faz mais sentido aproveitar o tempo e o perfil para investir e fazer crescer o património.

Na dúvida, é sempre recomendável fazer contas e, se possível, falar com alguém que possa ajudar a analisar o caso com detalhe.

Na Findigno, estamos disponíveis para analisar o seu caso e ajudá-lo a perceber qual destas opções faz mais sentido na sua situação.

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